Meu nome é Bruna Vargas, sou casada com o Marcio e mãe do Samuel, e vou contar um pouco como foi o meu parto que começou no dia 15/07/2020.
Eu estava dormindo e às 03h da madrugada tive a sensação que um líquido estava saindo, me levantei e senti mais líquido escorrer pelas minhas pernas, lembro-me de pensar, chegou à hora a bolsa estourou. Acordei o meu marido e liguei para minha Doula Gabriela que me orientou a descansar, pois teríamos uma grande jornada pela frente, então meu esposo e eu deitamos.
Às 07h minhas contrações começaram a causar certo desconforto, falei para meu marido começar a arrumar as coisas pois achava que estava na hora de ir, o local onde iríamos receber nosso Samuel não era na mesma cidade onde morávamos. Após isso, lá fomos nós felizes e tranquilos com o carro cheio de coisas, som preparado e tudo arrumado para partir.
Chegando lá nos deparamos com a bela paisagem de Sambaqui, bem em frente ao local onde iríamos parir, então decidimos caminhar para me preparar fisicamente para o meu parto, depois da caminhada eu e meu marido dormimos um pouco até que às 17h40, Gabriela chegou muito feliz e com muito carinho para me trazer segurança e me acompanhar. Ali ela me examinou, verificou os batimentos do Samuel e estava tudo bem, a partir disso nas próximas horas ficamos conferindo as contrações. As 20h10 a Gabriela fez o meu primeiro toque eu já estava com 5cm de dilatação, uau que felicidade ficamos eu e meu marido, pois as dores que estava sentindo estavam totalmente suportáveis, me senti confiante e com sensação que tudo iria dar certo, (na verdade nem imaginava o que tinha para passar ainda).
Depois de algumas horas, eu curtindo cada contração, anoiteceu, meu marido foi dormir e eu continuei com a minha doula tranquila e feliz. As 3h da manhã chegou a minha parteira Ana e fez o meu segundo toque, para minha surpresa ainda estava com os mesmos 5 cm, pensei então, calma Bruna não vamos desanimar tudo vai dar certo, Gabriela foi descansar e eu fiquei com Ana, a partir daquele momento as contrações começaram a se intensificar e a cada contração ela me fazia alguma massagem.
Amanheceu o dia 16/07/2020 e as 7h30 já com muita dor e cansada fizemos o toque, estava com 7cm de dilatação, a partir daí minha animação já não existia, meu marido e minhas parteiras sempre me estimulando e eu tentando ser forte para meu filho, então a Ana pediu que eu tomasse um banho bem quentinho para relaxar, fiquei ali uns 40 minutos no banho com uma música que eu gostava e luz baixa. Fui várias vezes para o chuveiro para aliviar as contrações e ajudar no trabalho de parto. As 12h55 fizemos outro toque e para minha surpresa e tensão ainda estava com 7cm.
Já não aguentava mais, super cansada tentei comer, mas não conseguia, Gabriela e Ana me davam chocolate e mel para me fortalecer e ajudar durante o meu trabalho de parto e o meu marido me dava água, a partir daquele momento me desanimei não queria fazer nenhum esforço, elas me massageavam, mas eu tinha perdido a vontade de fazer força, eu estava acuada encolhida e tapada no sofá foi então que elas decidiram que iam fazer por mim o papel literalmente de mãe. A Ana sentou comigo, olhou dentro de meus olhos, falou que eu iria conseguir que eu tinha que fazer aquilo por mim e por meu filho, falei pra ela que queria ir para o hospital e ela falou que eu era forte e que tinha certeza que eu iria conseguir.
Aquilo foi como se eu tivesse revivido a mãe dentro de mim, resolvi voltar a lutar. Resolvemos dar uma caminhada no sol estava um dia lindo, então caminhamos pelo pátio, eu e meu marido e depois fizemos uma trilha com a Ana, subindo no pico de umas pedras fazíamos exercícios para estimular o trabalho de parto, após isso fomos à beira da praia também e caminhávamos e parávamos toda hora para elas me massagearem quando as contrações começavam. Tinha várias pessoas na beira da praia, ficavam olhando, deviam de pensar o que essas loucas estão fazendo kkk, e até uns policiais nos pararam e perguntaram se eu estava bem, e eu disse tudo bem só estou em trabalho de parto kkk, e eles com cara de assustados perguntaram se eu queria que eles me levassem para o hospital e as meninas responderam que era um parto domiciliar.
Resolvemos voltar para dentro, as 20h fizemos um novo toque, eu orando para Deus me ajudar porque já não aguentava mais, então foi verificado que o Samuel estava mal encaixado na minha pélvis e por isso ele forçava para sair, porém estava com a cabeça meio tortinha, quando elas me falaram isso foi como se eu tivesse levado um banho de água fria, o medo e a insegurança tomaram conta de mim, mas olhava para todos os lados e enxergava pessoas me apoiando, me colocando para cima, falando que eu era capaz, então as duas se determinaram a encaixar aquele bebê no lugar correto, colocamos um pano embaixo da minha barriga e quando tivesse a contração ela puxava aquele pano para trás encaixando o bebê, depois de fazer essa manobra duas vezes finalmente o Samuel voltou ao encaixe perfeito.
Foi aí que começou a minha luta, encarnei uma leoa dentro de mim, peguei das mãos do meu marido e fazia força, força e mais força, sinceramente não sei como estava de pé meus limites já tinham sido ultrapassados, mas eu continuava em pé lutando para ter meu filho em meus braços. Eu ficava de cócoras, fazia força, respirava de olhos fechados e cada vez fazia mais força. As 22h fizemos o último toque e finalmente estava com 9 cm de dilatação, então sabíamos que tinha dado certo a tentativa de colocar o Samuel no lugar e que estava cada vez mais perto de ter meu bebê, então fiz mais força de cócoras cada vez mais rápido e levantava, até que a Ana me pediu para que eu tocasse e sentisse a cabecinha do meu bebê e eu estava tão concentrada em finalizar que recusei, e ela insistiu e falou sente a cabecinha do teu bebê e quando eu toquei e senti que estava muito perto, isso me deu um combustível, e fui com mais força ainda (se é que tinha como), até que finalmente o Samuel nasceu em perfeito estado as 00h55 do dia 17/07/2020.
A emoção tomou conta de mim e do meu marido, a sensação de alívio de ter conseguido e ao mesmo tempo de dever cumprido. Samuel mamou logo que nasceu por 40 minutos. E nunca mais saiu de nossos braços. Agradecemos a Deus, a Gabriela e a Ana por nos proporcionar o melhor dia de nossas vidas.